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A arte de ser infeliz
A arte de ser infeliz

A ARTE DE SER INFELIZ

A felicidade sempre foi, ao longo da história da humanidade, a principal fonte de motivação das pessoas. Todos querem ser felizes! Ricos, pobres, negros, brancos, amarelos, católicos, evangélicos, macumbeiros, competentes, incompetentes, enfim, todos! Se todos querem, então, porque muitos se dizem infelizes?

Lendo o artigo “Carta do Presidente”, da revista ANABB, escrito por Sergio Riede, edição jan-fev/2013, deparei-me com o tema “A ARTE DE SER INFELIZ”, inspirado no livro “SEMPRE PODE PIORAR”, de Paul Watzlawick, que talvez explique alguns aspectos das dificuldades de algumas pessoas em se dizerem felizes. Vamos lá!

“Segundo Paul Watzlawick, ser infeliz também é uma arte! E não é prá qualquer um não! A pessoa tem que saber ignorar todas as possibilidades de escolhas que possui. Necessita aprender a terceirizar a culpa com muita perspicácia e sabedoria. Com a internet, então, ficou mais fácil exercitar o azedume. A infelicidade está ao alcance de todos! Tem gente que usa pseudônimo e vira um aguerrido militante de sofá. Contra tudo e contra todos. Se faz calor, reclama que está quente. Se esfriar, pergunta onde vamos parar com esse clima. Se não chove, diz que o mundo vai acabar. Se a chuva cai, esbraveja contra a chatice da falta de sol.

O sujeito graduado na arte de ser infeliz acredita que é sempre o último que o garçom vê; que o outro motorista (seu adversário) saiu de casa decidido a lhe torrar a paciência; que o Brasil é o pior país do mundo em tudo; que a empresa onde ele entrou depois de batalhar pra passar em um concurso disputadíssimo é a pior do universo; que os sindicatos estão sempre tramando contra ele; que as entidades de funcionários não fazem nada do que ele deseja; que seus filhos são uns ingratos; que seus empregados são indolentes; que seus chefes têm orgasmos só de pensar em lhe prejudicar; que o juiz sempre rouba o seu time (Botafogo). Uma pessoa que sabe ser infeliz de verdade nunca diz do que gosta, não tem partido político de confiança, geralmente não gosta de música (acha perda de tempo), não acha ninguém interessante, e quase sempre  só fala do que detesta. Para ela, os outros são “aquela corja”. Mas ela não costuma colocar nada no lugar do que não gosta. Basta odiar, basta destruir, basta vociferar e está tudo resolvido!

No entanto, é preciso reconhecer: não é mole pra essa pessoa imaginar um cenário onde todo mundo conspira contra ela! Não é fácil esse alguém ter uma autoestima tão elevada a ponto de fazê-la se sentir, talvez sem perceber, o ser mais perseguido do universo. Porque, vamos combinar, pra ser vítima deste tanto, a pessoa só pode se sentir alguém muito importante, não é?

Não sei se vocês têm se deparado com alguém assim por aí! Eu temo que sim. E faço um esforço danado pra não ver gente assim refletida em meu espelho. Mas não é fácil, porque a tentação é grande.

Quando acontece algum fato desagradável com a gente, podemos reagir de muitas maneiras diferentes. Podemos esbravejar, lamentar, nos desequilibrar, nos conformar com a posição de vítima, ou podemos tentar manter conosco o poder de administrar nosso humor. Ok, nem sempre isso é fácil! Mas vamos pensar juntos: se a pessoa sai de casa feliz em uma bela manhã, dirige o carro ouvindo uma música gostosa e leva uma fechada de um motorista distraído, vale à pena transferir a esse motorista o poder de definir nosso humor no momento? Ou quem sabe o humor que vai tomar conta da gente o dia inteiro?

Circula pela internet uma tal de Teoria 90/10, atribuída ao escritor Stephen Covey. Não gosto de nada que pareça receita de bolo. Não sei com que modelo matemático o autor teria chegado à essa equação. Mas parece que faz bastante sentido o raciocínio: segundo a teoria, apenas 10% das coisas que acontecem com a gente são fatos. Os outros 90% são as reações que temos diante desses fatos. E é o tipo de reação que temos diante das adversidades que define o tom que damos a nossas vidas. Nem sempre dá pra avaliar diante de algo que nos parece ofensivo. Mas, na maior parte do tempo, a gente poderia gerenciar melhor nosso quociente de felicidade. Ou da alegria. Ou, no mínimo, de serenidade.

Portanto vamos refletir juntos: com quantas pessoas assim nos deparamos no nosso dia a dia? São muitas não é verdade? No nosso círculo de amizade, na nossa família, no nosso ambiente de trabalho, no futebol, na mesa de bebida, na política, enfim! Cuidado! Se afaste delas!

Que a gente possa realizar mais coisas interessantes e produtivas, a nosso favor. “E que nosso humor permita que a gente seja um pouco mais dono do nosso próprio destino”.

Fonte: Revista Ação

Autor: Sergio Riede (Presidente da ANABB)

Abril, 2013.