SOBRE A FELICIDADE
Contam que, certa vez, um sábio, entediado com sua rotina de vida, saiu por aí afora à procura de compreensão da felicidade. Depois de muito vagar pelo mundo, deparou-se com um homem simples, moribundo, camponês, pescando em um rio qualquer. Debruçado sobre canoa, o homem remexia o anzol prá lá e prá cá, com ar de satisfação, de bem estar. Ficou curioso: como podia uma atividade tão corriqueira, tão simplória, provocar tal grau de satisfação? Por um momento, imaginou-se no leito de um rio, pescando, feliz, de bem com a vida, projetando-se no lugar daquele camponês, sentindo-se “nas nuvens” também. Pensou em largar tudo e viver no campo, acreditando que finalmente encontrara a chave, o passaporte para essa tal felicidade.
Você concorda com o sábio? Entende que a felicidade é realmente isso: levar uma vida simples no campo, pescando, caçando, ouvindo o canto dos pássaros? É isso mesmo? Ou será que o sábio, no seu devaneio, não tenha percebido que para contentar-se com a vida simples do homem simplório teria que despir-se de toda a sua sabedoria, de todos os seus conceitos de felicidade? Ou quem sabe, talvez, esse sábio não fosse tão sábio assim? O que você acha?
É muito comum as pessoas questionarem sobre o que vem a ser felicidade. Muito mais comum do que às vezes imaginamos. Muitos até acreditam que existe uma regra determinada, um caminho a seguir. Outros pensam que ser feliz é poder comprar o carro dos sonhos, conquistar a pessoa amada, acertar na mega sena, conquistar um bom emprego! Será que é? Ou será que não é? Prá você o que é felicidade? Você seria feliz em morar numa fazenda, cercado de natureza por todos os lados? Ou seria mesmo feliz se comprasse um carrão? Ou ainda se conquistasse aquela pessoa gostosa, linda, que está sempre presente nos seus sonhos? Seja sincero! Quantas pessoas você conhece que tem tudo isso e não são felizes? Outras tantas não têm nada e estão sempre de bem com as coisas, não é verdade? Não se assuste! É assim mesmo! A felicidade é bastante relativa. O que é bom pra uns pode não ser bom para outros! Um dos erros que mais cometemos em relação à felicidade é tentar copiar a fórmula dos outros, como se as necessidades e anseios das pessoas fossem as mesmas. Cada pessoa tem um histórico de vida, uma tendência, uma necessidade particular, única, valores internalizados, que influenciam no seu bem estar, na sua forma de ser feliz.
Veja por exemplo: cada pessoa se apaixona por outra pessoa diferente, pelo menos na maioria dos casos. Se todos fossem se apaixonar pela mesma pessoa, o índice de infelicidade, de inquietação, seria bem maior, não é verdade? Muitas e muitas pessoas ficariam sozinhas, embora a solidão não seja necessariamente causa de infelicidade, porque estar sozinho ou sozinha pode ser uma opção de vida, não é mesmo?. Portanto, reflita!
A felicidade é algo imaterial, subjetivo, mutável, imensurável, intransferível! Cada pessoa pode ser feliz de um jeito. Uns sentem satisfação por coisas materiais, outros com coisas relacionadas à emoção, ao sentimento. Machado de Assis, por exemplo, que já escreveu sobre o assunto, disse que a felicidade por ser até um par de botas novas. Eu já me sinto feliz quando atinjo os meus objetivos, quando tenho paz interior, quando as minhas contas estão em dia, quando os meus filhos estão bem, quando minha esposa está sorrindo. E você, quando se sente feliz? Não esqueça que cada um tem sua fórmula pessoal para ser feliz, embora existam pontos em comum nas atitudes dos que se dizem realizados. Pense! Elabore a sua fórmula de ser feliz!
Almir Sobral
Fonte: leituras e aprendizado.
Teresina, janeiro 2013.