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Sobre a Saudade
Sobre a Saudade

SOBRE A SAUDADE

Uma amiga de trabalho pediu que eu escrevesse sobre a saudade, esse sentimento que é inerente a todas as pessoas e que às vezes traz sofrimento, às vezes traz alegrias, às vezes fortalece e outras vezes enfraquecem. Não sei se tenho talento para o assunto, mas, vamos lá.

Nós sentimos saudade de quase tudo: de lugares, de pessoas, de momentos, de coisas boas, de coisas ruins, de um grande amor que não deu certo, daquele amor que não aconteceu ou daquele amigo ou daquela amiga que desapareceu, de ex-colegas de trabalho, enfim! Às vezes sentimos saudade até daquele amor que ainda está acontecendo, porque quando apenas um dos parceiros se esforça para manter a relação ativa com o tempo ela enfraquece, fica vulnerável e se transforma em saudade. E a saudade é matadeira, dizem!

Vinícius dizia assim: “e por falar em saudade onde anda você, onde anda esses olhos que a gente não vê, onde anda esse corpo que me deixou morto de tanto prazer”. Fagner diz: “quando penso em você, fecho os olhos de saudade”. Pinheirinho Júnior diz: “saudade palavra triste quando se perde um grande amor”. Chico Buarque diz: “a saudade dói como um parto, a saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu”. Eu, por exemplo, agora, estou sentindo saudade do meu pai, que faleceu há vinte anos. Na época eu pensei que o mundo ia se acabar, mas cá estou eu, vivinho da Silva. E você, como diz? Por que ou por quem você sente saudade? Você se sente mais feliz ou mais triste quando sente saudade? Você sente saudade freqüentemente, habitualmente? São questionamentos difíceis, por isso tenha Cuidado! Nem sempre a saudade é algo positivo e bom.

A saudade, quando causa dor e sofrimento é porque é influenciada pelas lembranças de pessoas, de coisas e fatos que já aconteceram e não voltam mais. Ou seja, saudade do que já passou, do que já era!  Já pensar no passado com alegria não é saudade, é apenas lembrança. O que normalmente caracteriza a saudade é a nostalgia dos tempos que se foram, das coisas que sobrevivem apenas em nível de pensamento. Os analistas acham até que existe uma relação bem próxima entre esses sentimentos e uma atitude de acomodação, de conformismo. As lembranças são maravilhosas quando nos facilitam a vida. Mas podem ser uma desgraça quando provocam emoções que nos fazem sofrer.

A saudade às vezes pode se transformar numa fuga de encarar o presente, a realidade, uma tentativa de driblar uma situação que não está dando certo. Devemos evitar sentir saudade apenas quando estivermos desanimados, desgastados, cansados, infelizes! Quando não estamos bem em relação ao presente ou ao futuro, desejamos a volta do passado, numa ilusão de que anteriormente as coisas eram melhores. A saudade não pode expressar uma forma de arrependimento, tal como, “eu era feliz e não sabia”. Podemos, sim, nos lamentar, nos queixar, chorar, mas nada nos trará de volta o que já passou. O passado é apenas um pensamento. E só no presente podemos ser livres e agir para buscar um novo caminho.

Dizem que há dois tipos de sofrimento na vida: o real e o imaginário. O primeiro ocorre no momento da perda, de uma doença, de uma separação, por exemplo. O outro é criado virtualmente, pela imaginação do pensamento. A saudade é um deles. Limpar a nossa mente de todo o lixo do passado é abri-la para novas pessoas, novas experiências, novas oportunidades. A vida é para ser vivida e não para ser pensada, olhada pelo retrovisor. Afinal, a vida não tem replay! Que tal?

Fonte: leituras e aprendizado.

Almir Sobral

Teresina, janeiro 2013.